terça-feira, 23 de junho de 2009

Artista plástico e ambientalista Frans Krajcber

A natureza como matéria prima essencial.

Krajcberg diz: “A minha preocupação é penetrar mais na natureza. Há artistas que se aproximam da máquina; eu quero a natureza, quero dominar a natureza. Criar com a natureza, assim como outros estão querendo criar com a mecânica. Não procuro a paisagem, mas o material. Não copio a natureza”.




O artista nasceu na Polônia, em 1921. Conta que viveu os horrores da Segunda Guerra Mundial quando lutou no exército contra a Alemanha nazista. Estudou engenharia na Polônia e artes na Alemanha e mudou-se para Paris. Lá, seu amigo e também artista Marc Chagall o incentivou a viajar para o Brasil. Desembarcou no Rio de Janeiro com 27 anos. Não conhecia ninguém, não sabia falar a língua e, para piorar, estava sem dinheiro. Dormiu ao relento durante uma semana, na praia do Flamengo. E partiu para São Paulo, onde trabalhou como operário no Museu de Arte Moderna, na primeira Bienal de São Paulo e como auxiliar do pintor Alfredo Volpi. Foi até o interior do Paraná para trabalhar como engenheiro-desenhista nas indústrias de um fabricante de papéis (que ironicamente utiliza madeira em sua produção). Abandonou o emprego para se isolar nas matas paraenses e se dedicar à pintura.
O artista, então, nasceu pela segunda vez. Cresci neste mundo chamado natureza, mas foi no Brasil que ela me provocou um grande impacto. Eu a compreendi e tomei consciência de que sou parte dela, diz. Ali, no interior do Paraná, o artista encontra inúmeros desmatamentos e queimadas na fl oresta. As árvores retorcidas lembravam os corpos calcinados que tinha visto na guerra. Desde então, o que faço é denunciar a violência contra a vida.

Cada descoberta de matéria bruta é um momento de alegria para Frans Krajcberg pois ele pode começar novas experimentações.
Desde os anos 80, as madeiras queimadas retiradas da floresta amazônica se tornaram o ponto principal de suas obras. Frans Krajcberg recolhe troncos, cipós, raízes, todo material natural calcinado, para os transformar em objetos de arte.

"Minha obra é um manifesto. Eu mostro o que vi ontem no Mato Grosso, na Amazônia ou na Bahia. Eu mostro a violência contra-natureza feita à vida. A destruição tem formas ainda que ela fale do inexistente. Eu não procuro fazer esculturas. Eu procuro formas ao meu grito. Pintar a música pura não é facil. Como fazer gritar uma escultura como uma voz ?"

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